Conselhos de uma Neonatologista Pró-Vida aos pais com um bebê na UTI Neonatal – Dra. Robin Pierucci

Sou mãe e uma médica neonatologista pró-vida (a médica que cuida de bebês prematuros e criticamente doentes na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal – UCIN). Esta especialidade não é algo que ouvi falar quando criança, eu sequer estava ciente de que ser “pró-vida” ou especificamente anti-aborto era mesmo razoável. Eu cresci em uma casa judaica incrivelmente amorosa, mas muito “pró-escolha”. Além disso, sou produto da formação médica secular americana, e tenho um mestrado em ética médica.

Apesar disso, demonstrar o imenso senso de humor de Deus é a minha realidade: me converti ao Catolicismo, e sou uma médica cuja carreira inteira gira em torno de cuidar de bebês que de fato são legalmente permitidos matar. Idem para aqueles com diagnóstico pré-natal de “anormalidade letal” ou “anormalidade não compatível com a vida”.

Eu nem sempre faço o meu trabalho perfeitamente, mas como médica jurei não fazer “nenhum mal” para qualquer ser humano. Portanto – de forma médica, ética e humana – esse é o meu objetivo todos os dias com cada pessoa que tenho o privilégio de atender. E como com cada bebê que chega na unidade chegam também adultos preocupados (muitas vezes, mas nem sempre, os pais), não é possível cuidar do nova paciente sem cuidar de seus pais.

Assim, com este fundo eclético, me oferecerei para servir ainda mais estes bebês e seus pais com um pouco de orientação, na esperança de poder lhe fornecer as perguntas certas para fazer aos médicos com quem você está lidando.

Para começar, um bom médico deve ser capaz de lhe dizer sobre cada intervenção médica com alguns fatos essenciais quando você fizer estas perguntas:

  1. Por que esta intervenção é proposta?
  1. Qual é a resposta esperada (com o bebê, ou os monitores, ou os testes de laboratório, e quanto tempo demorará uma resposta)?
  1. E se bebê não responder (o bebê, ou os monitores, ou os exames de laboratório, etc.) e em que período de tempo?
  1. A árvore de decisão: se isso acontecer, o que acontecerá depois? Esta é uma pergunta razoável se há uma resposta boa ou má. Também está ok se o médico não souber todas as respostas a esta pergunta, porque pode haver muitas variáveis para explicar. No entanto:
    1. O médico precisa admitir o que não sabe.
    2. É uma boa ideia ter essa mesma conversa depois de ver como a primeira intervenção foi. Esteja ciente de que frequentemente haverá necessidade de múltiplas intervenções simultâneas, o que faz com que as respostas sejam ainda mais complicadas. Mas se você tem este quadro básico em mente, será mais fácil ter uma noção de quais são os parâmetros que as pessoas estão olhando para saber se o medicamento / cirurgia ou o que estiver sendo feito é realmente útil.

Mas e se eles dizem “não há nada a ser feito” ou “você precisa parar o tratamento médico”?

Como alguém que acredita na santidade e preciosidade de cada vida humana e também como uma médica de cuidados críticos, há algumas perguntas razoáveis para fazer aqui (o que em si é uma declaração insana quando confrontado com essa crise!):

  1. Em um mundo ideal, faça sua lição de casa primeiro. Encontre um médico que seja pró-vida ou pelo menos te conheça e entenda como você toma decisões éticas em torno das questões da vida.
  1. Realidade: os médicos (assim como todos nós) são um produto desta cultura, o que significa que eles precisam ser educados no sistema de valores intactos que você tem. Alguns poderão ser educados, outros não tanto – ou pelo menos não tão rapidamente como você gostaria. Não se desespere (o que não é equivalente a evitar a raiva furiosa, o susto doloroso, ou a cabeça girando de frustração). Respire. Respire novamente e informe todos os envolvidos de alguns fatos:
    1. O seu primeiro diagnóstico é “é uma menina!” ou “é um menino!”. Este menino ou menina parece ter alguns diagnósticos adicionais.
    2. Estes diagnósticos adicionais podem potencialmente resultar que a vida desse bebê seja mais curta do que gostaríamos. Entretanto, vamos fazer tudo o que pudermos para maximizar o que é possível para este pequeno.
    3. Queremos trabalhar com você para evitar o prolongamento do sofrimento. No entanto, ter uma “deficiência” ou outras “limitações” não define o sofrimento! Nós vamos amar essa criança. Diga: ‘Doutor, esperamos que você nos ajude a lidar com os desafios ou nos indique outro médico mais interessado em fazê-lo.’

Esta aventura chamada ‘vida’ não é fácil. Mas em cada canto estão as alegrias inesperadas, as celebrações inesperadas e o silêncio dos momentos de paz penetrante que são a recompensa por escolher a vida (com a ajuda da Graça), nutrindo e amando todos em nossas vidas – especialmente os mais vulneráveis.

 

salve-1aBIO: Dra. Robin Pierucci é esposa, mãe e neonatologista; e blogueira para Save The 1. Ela recebeu seu diploma de medicina da Rush Medical College, e completou sua residência em pediatria e acompanhamento em neonatologia no Children’s Hospital de WI, Milwaukee. Durante os estudos de acompanhamento neonatal, ela também completou um mestrado em ética médica no Colégio Médico de WI. Desde então, ela trabalha como neonatologista em Kalamazoo, MI. Robin também completou o programa de certificação do National Catholic Bioethics Center (NCBC) em ética médica e participa do comitê de ética da National Catholic Partnership on Disability (NCPD).

Publicado originalmente em Save The 1 (divisão de língua inglesa do Salve o 1%).

Tradução: Celene Carvalho.