Esta criança que nasceu de um estupro transformou uma tragédia em algo bonito – Kathryne Taylor-Norte

No dia 22 de dezembro de 2008, eu fui estuprada. Talvez você possa imaginar como é difícil relembrar um estupro, então não vou entrar em detalhes. No dia seguinte fui ao médico e me deram medicamentos para prevenção de doenças e a pílula do dia seguinte – que mais tarde soube que é potencialmente abortiva.  Seis semanas depois, fui ao médico e me fizeram exames de sangue, mas não me fizeram o teste de gravidez.  No entanto, alguns dias mais tarde, recebi uma chamada do consultório médico e disseram que eu estava grávida!

Fiquei muito assustada – e também perplexa.  Veja só, eu sempre tentava e queria engravidar dos rapazes que amei ao longo dos anos, mas nunca conseguia.  Eu pensei que era estéril; então claro, fiquei chocada e surpresa.

Imediatamente pensei em abortar quando me disseram que eu estava grávida de seis semanas; mas por causa do preço, eu não tinha como pagar. Estava arrasada! Então considerei fazer um auto-aborto, mas só de pensar nisso fiquei mal, então decidi dar para adoção. Mas eu ainda lamentava ter que carregar um bebê concebido num estupro.

Liguei para uma agência de adoção e nos encontramos. Eles queriam que eu assinasse os papéis imediatamente e também me pediram para fazer o teste de rastreamento para Síndrome de Down, porque eu era mais velha.  Para mim, se o bebê tivesse ou não Síndrome de Down não fazia nenhuma diferença, então isso realmente me perturbou e me deixou incômoda com a agência.

Conversei com um amigo de Facebook, o Ralph (que Deus o abençoe!), e ele me disse que tinha uma irmã que vivia perto de mim e que poderia conversar comigo na igreja sobre a minha situação.

Poucas horas depois, recebi dois telefonemas – um deles era da Karen, que é uma bênção e um anjo enviado de céu. Ela me disse que ela estava disposta a me ajudar a criar a criança ou ela mesma iria adotar o bebê.  Fiquei surpresa ao ouvir que ela realmente se importava comigo, independentemente se ela adotaria ou não o bebê.  Eu me encontrei com ela nessa mesma semana.  Ela comprou para mim os meus donuts preferidos (que eu nunca disse para ela que eram) e conversamos por um bom tempo.

Karen me contou que ela tinha dois meninos adotados. Nós rapidamente criamos um vínculo e ela disse que me amava – e pude ver que ela era sincera!

A nossa primeira consulta médica foi muito emotiva.  Ela explicou ao médico a minha situação. Além disso, o meu pesar mais profundo é que eu estava usando de drogas. Descobrimos que eu estava grávida de 6-8 semanas.  Fizemos o ultrassom e ouvimos o batimento cardíaco do bebê.

Quando ela, pela primeira vez, ouviu o coração do bebê batendo, eu sabia que essa era a coisa certa e que eu a amava.  Eu jurei e prometi a Karen que não usaria mais drogas durante essa jornada.

Durante a minha gravidez, fizemos tudo juntas. Eu estava levando o bebê dela e eu era, como ela disse brincando, “a incubadora”. Eu sei que muitas pessoas ficariam ofendidas de ler uma coisa dessas, mas só quero dar uma ideia de como era bom o nosso relacionamento – que éramos capazes de brincar dessa maneira.

Enquanto passávamos por essa jornada, eu vi o bebê crescer dentro do coração dela. Eu só estava levando um bebê que Deus quis que tivesse uma chance na vida.

Descobrimos o sexo bebê – era um menino!  A Karen era tão amorosa, além disso, era uma pessoa carinhosa que tinha sete filhos e mais amor para dar à mais bebês. Felizmente, eu estava levando um deles. Ela dirigia quase três horas por semana para me acompanhar nessa preciosa jornada.  Eu vi as ecografias nas consultas, e fiquei maravilhada.

Veja só, se a você foi dada ou abençoada com uma criança concebida num estupro, você pode transformar uma tragédia em algo maravilhoso. Karen é uma mulher tão bonita com uma alma tão linda e eu tenho muita sorte de tê-la encontrado e a ter escolhido.  Ela até me ajudou a sair do apartamento ruim que eu vivia e encontrou um outro lugar para mim e com móveis doados. Ela entendeu que eu sofria de enfermidade mental, então nós tomamos todas as precauções e procuramos aconselhamento. Fiquei muito feliz em encontrar alguém que queria bem a mim e ao bebê incondicionalmente.

Descobrimos que o bebê nasceria por volta de setembro de 2009. Larguei os meus velhos amigos enquanto ela me abençoava ao me apresentar à sua família, amigos e à Deus.

Foi uma jornada difícil que se transformou em algo muito precioso.

Meu ginecologista era compreensivo uma vez que eu sofria com muitos enjoos. Ah, e esqueci de mencionar: eu tinha hepatite C de um estupro anterior, então esse era um assunto delicado.

Nós concordamos em fazer uma cesária. Um dia quando fui ao meu médico, ele nos disse que queria induzir o parto. Quando chegamos ao hospital, nos disseram que eu estava progredindo muito rápido e que eu iria ter um parto normal! Então eu disse “O queeee?” Então, enquanto eu tinha as contrações, eu sabia que nós duas estávamos nisso juntas. No final do dia 11 de setembro de 2009, o bebê nasceu e Karen e Bobby (o marido dela) tiveram um parto muito memorável.

Depois que eu dei à luz, Bobby saiu com o bebê mas a Karen ficou do meu lado até ter certeza de que eu estava bem. Então ela finalmente conheceu o filho dela. Eu nunca vi ele, mas ela estava tão feliz e emocionada.  Ele é um menino muito amado e feliz!

A Karen ainda é e sempre será uma parte da minha vida. Mas eu aprendi que essa criança nascida de um estupro transformou uma tragédia em algo bonito. Eu não tenho pesadelos sobre o estupro. Eu dei à Karen e à sua família um dom precioso e eterno! Essa foi a experiência. Estou muito feliz que o bebê não tenha sido abortado. Deus fez isso assim. Todos nós fizemos – a nossa jornada. O que eu perdi, dei algo especial. Transformar uma tragédia em um presente precioso – foi uma linda jornada.  E eu levarei ele para sempre no meu coração. Eu transformei a Karen e a família dela em algo mais do que especial. Foi uma benção.

Se você foi estuprada e acha que está grávida, saiba que você também pode transformar algo tão horrível em algo incrível e especial.

salve-o-1-1BIO: Kathryne Taylor-North é mãe biológica de um bebê concebido num estupro, e é parte do Salve o 1%.

Original em inglês em Save The 1.

Tradução: Tathiane Locatelli