Aborto por Igualdade de Gênero? – Darlene Pawlik

Minha primeira reação as notícias de que um juiz no Brasil citou a igualdade de gênero como razão para descriminalizar o aborto nesse país é “Igualdade de gênero??!?”

Uma mulher sozinha pode tomar a decisão? Como que isso é igualdade? E o pai? Ela não pode engravidar sem um homem, o bebê é dele também! E a igualdade de gênero para o bebê?

“As mulheres carregam sozinhas o peso da gravidez. Portanto, só haverá igualdade de gênero se as mulheres tiverem o direito de decidir se continuam ou não uma gravidez”, disse o juiz Luis Roberto Barroso. Sua premissa é que o atual Código Penal que proíbe o aborto desrespeita os direitos básicos das mulheres.

E os direitos do pai? E os direitos do bebê? Em primeiro lugar, a decisão de matar uma criança não é um direito. Em nenhuma outra circunstância permitimos o assassinato brutal de um ser humano com base no gênero da pessoa que decide contratar um assassino.

Este juiz sustentaria que é direito da mulher matar uma criança nascida? Afinal, é a criança dela, certo? E se ela sozinha é responsável por um adulto, um pai idoso ou irmão incapacitado, ela deveria ter o direito de matar o outro porque ela é uma mulher que carrega sozinha o fardo de cuidar?

É claro que isso é ridículo.

Não existe isso de igualdade de gênero quando se trata de gravidez. As mulheres carregam bebês, os homens não. Pode parecer injusto, especialmente no caso de estupro, mas a capacidade única e total de carregar a criança e proteger a segunda vítima de estupro é temporária. A gravidez é sempre temporária. O aborto é para sempre.

No Brasil, o aborto é crime. As mulheres e os que cometem abortos vão para prisão. A exceção para o aborto legal – se uma mulher brasileira for vítima de estupro – desafia a lógica. Ou há um bebê digno de proteção ou não há.

É um crime matar bebês não nascidos exceto no caso do pai ser um criminoso? Então, se a mulher tem o seu bebê, e decide que não quer o fardo, isso também seria aceitável, porque o pai do bebê é um estuprador?

O aborto após o estupro tem consequências significativas para as mulheres. A mulher passa pelo trauma de estupro. O aborto, a morte intencional do próprio bebê, é um trauma adicional imposto sobre ela num momento de estado dramático de turbulência. Ela precisa de apoio e terapia para se curar após a violação, e mais ainda para ajudá-la a passar a gravidez.

Os defensores do aborto usam a compaixão confusa para empurrar o aborto ao público desavisado. Colocar o trauma da mulher sobre o direito à vida da criança é só uma desculpa: porque aí você dá a mão e eles querem o braço inteiro.

Eles introduzem uma exceção à lei contra o aborto, por estupro, convencendo o público que é a coisa compassiva a fazer para as mulheres que foram vítimas.

Fatos importantes de que a criança concebida no aborto não se desenvolve de forma diferente de uma concebida num relacionamento amoroso, e que a criança é uma segunda vítima inocente do crime, são negligenciados pela maioria, porque a maioria de nós não pensa a fundo e acreditamos que as pessoas que escrevem as leis têm o nosso melhor interesse em mente. Mas não é sempre o caso.

Os lobistas da indústria do aborto são frequentemente muito bem pagos. O aborto é um grande produtor de dinheiro. Um médico de verdade vai ter que ver a cliente durante toda a sua gravidez, e parir bebês em todas as horas, para fazer uma quantidade razoável de dinheiro. Um aborteiro só trabalha em horas comerciais regulares e faz mais dinheiro em uns poucos minutos com uma mulher grávida similar, repetidamente.

O poder não torna isso correto. O Brasil vem recebendo muita pressão de organizações feministas que querem abrir as comportas do aborto legalizado. Elas querem o aborto em demanda livre por qualquer motivo deve prevalecer. A exceção para o caso de estupro abre as portas para isso.

No fim das contas o aborto mata um bebê. Deve ser ilegal matar um bebê. As pessoas que pressionam pelo aborto usarão qualquer desculpa para matar um bebê. Não se trata de compaixão pelas vítimas de estupro. Não se trata de igualdade de gênero. Não se trata de direitos das mulheres.

BIO: Darlene Pawlik é VP (Vice-Presidente) da Save The 1. Ela foi concebida por estupro, sexualmente abusada quando criança, vendida para o tráfico de sexo juvenil e ficou grávida como resultado. Ela é palestrante e blogueira para Savethe1.com e the DarlingPrincess.com

Publicado originalmente em Save The 1 (divisão de língua inglesa do Salve o 1%).

Tradução: Celene Carvalho.